
Pela primeira vez em dez anos, o Brasil atingiu mais de 90% da cota Hilton com o embarque de 9,2 mil toneladas de carne bovina entre junho de 2015 e junho de 2016. Com isso, o país chega a 92,9% das 10 mil toneladas concedidas pela União Europeia ao Brasil na Hilton.
A cota Hilton é constituída de cortes especiais do quarto traseiro, de novilhos precoces, e seu preço no mercado internacional geralmente é mais alto do que a carne em geral.
A cota anual, de 65,25 mil toneladas, é fixa, e a ela somente têm acesso os países credenciados: Argentina, Austrália, Brasil, Uruguai, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá e Paraguai. A Argentina possui uma cota de quase 50% do montante (28 mil t). A Austrália é autorizada a vender 7,15 mil t, o Brasil 10 mil t, os EUA e Canadá 11,5 mil t juntos, o Uruguai 6,3 mil t, a Nova Zelândia 1,3 mil t e o Paraguai, 650 t.
A vantagem é que o produto destinado à cota Hilton tem somente uma tarifa de 20% ad valorem, ou seja, 20% sobre o valor da mercadoria. A tarifa extra cota é de 12,8% mais 303,4 euros por 100 quilos de carne.
De acordo com Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o desempenho do Brasil na cota Hilton vem melhorando porque a indústria começou, já há algum tempo, a organizar seu fornecimento de modo a atender aos critérios da cota, para aproveitar assim a vantagem que se tem na tarifa de importação.
“Porém, vale lembrar que a Hilton cria, além das barreiras sanitárias que já existem para a carne brasileira, barreiras técnicas como a exigência de alimentação exclusiva a pasto e identificação individual desde a desmama. Nosso desempenho só aumentou porque, pela diferença de preço, vale a pena cumprir as exigências. Ainda assim, consideramos que a definição da Hilton hoje continua sendo prejudicial para o país e precisa ser atualizada, incluindo questões de sustentabilidade. A renegociação destas exigências com as autoridades europeias continua sendo uma pauta da Abiec junto aos Ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores”, afirma Sampaio.
Fonte: CarneTec Brasil